sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Encruzilhada em Atenas


Talvez os analistas (oficiais, oficiosos e ociosos) de 1968, tivessem visto os acontecimentos estudantis de então em França, antes de toda a racionalização e cálculo político, como uma confusão, um grito inarticulado, algo de quase impolítico.
O que se tem dito sobre os acontecimentos mais recentes na Grécia também não anda muito longe, em geral, dessa ideia de "revolta" tout court, que cuidadosamente se aparta a anos-luz da revolução.
Discutimos no Clube 4.ª Dimensão o Maio de 68 e o futuro. Aprendi muito.
Não sabemos, tudo somado, quais as consequências deste movimento. A História está a dar a volta, a sua própria revolução. Como farsa agora, depois da sua primeira vez trágica, para retomar Marx? Não sei se como farsa.
Há problemas de todos os tempos. E os tempos não estão simples, nem fáceis.
Se parece que alguns neoliberais se estão a converter "ao socialismo", a inversa parece a alguns (com maior ou menor purismo) também verdadeira. Mas as conversões não serão, em ambos os casos, a "outras coisas"? Será que os tempos são de volta do socialismo, ou de um novo paradigma, que espera uma designação? Para já é de saudar a discussão sobre o socialismo e a ideologia em geral. Tempos afinal de esperança: ainda que de constatação da crise.
Crise que pode ser Kairos também.
Este postal é reticente e às voltas. Como ainda o horizonte.

(na imagem: escadaria da universidade de Atenas)

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